sábado, 20 de novembro de 2010

A CURA

Cura nos lembra limpeza, libertação, solução, dissolução...
Mas afinal de qual cura mesmo preciso falar?
Cura da alma - corpo mental, espiritual ou emocional?
Cura do corpo físico?
Estas perguntas têm o objetivo de nortear o rumo que vou tomar a partir de agora...
Há uma ânsia de se difundir meios e maneiras de se trilhar o caminho da cura, quando o bom mesmo é que não se tivesse adoecido... Mas a doença faz parte da história humana, aqui no Planeta Terra, desde os primórdios. A doença é a manifestação de que algo não vai bem, é um mecanismo de alarme da natureza, para que se repare ‘este algo’ que não está funcionando como foi planejado. Em algum momento houve um desgaste, uma disfuncionalidade e para prosseguir tem que se parar e reparar, para depois, sendo oportunizado, prosseguir. Tem que haver um time – tem que se dar um tempo para o conserto. A busca incessante do elixir da vida nos coloca em constante movimento de descobertas científicas, numa amplitude cada vez maior de mecanismos eficientes e eficazes para dissolver, varrer, limpar e erradicar a doença nas suas diversas manifestações no corpo humano, nos vários grupos populacionais, independente de raça, gênero, classe social ou idade. O desejo da inalcançável (ainda) imortalidade e de perpetuar a espécie humana, manifesta-se na ânsia pela longevidade que conta com a sua principal aliada - a Ciência.


A cura está diretamente relacionada com uma atitude: o desejo de viver!Isto depende de uma decisão interna, que aliada a todos os recursos disponíveis e accessíveis no mundo externo, vão fazer a diferença.
Traduzindo para uma fórmula metafórica:
CURA = Desejo de viver +Mudança de padrão+Oportunidade
Observando-a sob um olhar cartesiano, se conseguíssemos colocá-la em prática constantemente, não existiria doença!Mas os fatos não se dão de forma instantânea - existe um ritmo, uma seqüência processual de adaptação no desenrolar dos mesmos. Como seres mutantes, precisamos estar sempre nos adequando às mudanças internas e externas, que acontecem na dinâmica da vida, nos jogos das relações humanas - de preferência, sem dor nem sofrimento.
Cada uma das parcelas da equação é composta de ingredientes oriundos de diversos campos, que uma vez associados, darão resultados nem sempre favoráveis à cura.
Traduzindo para uma outra linguagem, estou falando do campo psíquico e suas diversas vicissitudes do mundo inconsciente. Como também estou falando, do campo energético e vibracional. Neste contexto, o desejo associa-se em uma rede de definições subjetivas e propulsoras do movimento de atração ou repulsa de correntes vibracionais positivas ou negativas, gerando força energética capaz de harmonizar ou dissipar a saúde física, mental, espiritual e emocional - condição intrínseca para a cura.
Tudo é relativo, mutável dinâmico uma vez que se apóia em campos e vetores em constante movimento. Lembrando o autor Marshal – Tudo que é sólido desmancha-se no ar... traduz bem o sentido da fugacidade do momento do ser em uma vida que queremos sempre vencer e atingir o bem estar e a satisfação dos nossos desejos, tantas vezes sem levar em consideração as possibilidades contextuais, para a sua ocorrência de fato. A capacidade de lidar com a frustração tornam-se um fator decisivo no processo do adoecer. Envolve perdas e desapego.
Neste ponto de vista, temos que estar atentos a singularidade dos nossos desejos, anseios, mal sabendo que talvez, eles não sejam satisfeitos na medida das nossas necessidades. Afinal, não estamos sozinhos nesta caminhada e tem muita gente compartilhando dos mesmos desejos e/ou de outros semelhantes e nesta diversidade as inúmeras oportunidades e possibilidades surgem ou escapam o tempo todo.
Viemos para esta vida dotados de um corpo humano com um potencial de perfeição, em princípio. A forma como vamos utilizá-lo de acordo com a adoção do estilo de vida, escolhas e oportunidades, vão fazer a diferença.
Se nos déssemos conta de que há lugar e oportunidade para todos na medida em que quiséssemos apenas somar, compartilhar e não competir. Se tivéssemos a certeza de que o nosso lugar estaria garantido, sem precisar de esforço para se sentir incluído. Se tivéssemos convicção que os nossos direitos seriam sempre respeitados e assegurados. Se o egoísmo, a inveja, o desamor, a cobiça, a avareza, sentimentos intrínsecos no mundo competitivo, fossem banidos, talvez tivéssemos uma rede de relações mais humanizada, menos doente nos ambientes profissionais, familiares e executivos.
Mas não esqueçamos que é na adversidade que por incrível que pareça, crescemos e que é na falta de algo, na carência, é que podemos ser capazes de manifestar o nosso lado luz, na medida em que aceitamos o momento e preenchemo-nos da riqueza da vivência. Parece até um contra-senso, a depender da forma como mergulhamos no processo do enfrentamento da doença, da aceitação deste estado é que o benefício da cura se manifestará de forma visível e perceptível. Tudo flui com mais facilidade, pela leveza da condução. É preciso um esvaziar-se, para que se oportunize um novo preencher. O dar-se conta que uma vez instalada a doença, há que se aceitar e enfrentar. Ou seja, a capacidade de lidar com a alteridade da situação da doença, o acesso aos meios e recursos disponíveis é decisiva na recuperação do estado de saúde e bem estar, daí o reverso da moeda é também significativo.
Estou falando de aceitação e não de acomodação e entrega à situação doentia, que até disso, há quem tire proveito consciente ou inconscientemente, quando se entra na situação de vítima para se ganhar algo em troca, quando se elege a doença como uma saída ou como mecanismo de defesa. Estou falando de não resistência, teimosia e desobediência. Enfim estou falando do desejo de viver e entrega confiante para uma solução, seja qual for.
Penso que o saber transitar nas duas situações: doença e caminho da cura é também um estado de saúde mental. Manter o equilíbrio, quando tudo parece perdido é um sinal de domínio da situação. A confiança nos cuidadores, o ambiente asséptico, a terapêutica adotada, as medicações, a disciplina na sua administração, a alimentação, a limpeza e higiene, o ambiente familiar aconchegante, em harmonia e sem stress, a amorosidade e apoio dos amigos, são fatores essenciais no processo de recuperação e convalescença.
Então, é no adoecer que o “ser” terá a oportunidade de manifestar o seu lado sadio, ao longo do processo, a partir do momento que ele se capacita fazendo um percurso de enfrentamento da mesma, encarando-a de frente com as armas que lhe forem dadas e oportunizadas. Na busca pela sobrevivência e pela necessidade e desejo de ter uma nova oportunidade para trilhar caminhos nunca percorridos antes, demonstrando-se que o seu padrão de escolhas e estilo de vida mudou, que o seu foco mudou, na medida em que passa-se a dar valor a fatos que eram imperceptíveis para si mesmo, até então.
Uma das oportunidades de se curar primordial é saber-se doente, ou seja neste paradigma é que se encerra a possibilidade de cura, a partir do momento que se toma consciência que a doença está instalada. O corpo com a sua inteligência dá sinais imperceptíveis, algumas vezes talvez. Há que se estar atento(a) a estas sinalizações e sintomas que na evolução do quadro chega-se a um diagnóstico e um possível prognóstico. A sintomatologia é que gera uma demanda para que se busque um serviço de saúde. A partir desse momento, de acordo com o nível de acessibilidade a esses serviços e equipes de saúde – Médicos(as), Enfermeiros(as), Cuidadores Paliativos e Auxiliares é que começa a maratona de procedimentos: exames especialíssimos, uns com procedimentos nada ameaçadores, outros tantos(a maioria) invasivos e cercados de prescrições, pré-requisitos, expectativas, ansiedades, temores que vão além dos resultados, pelo própria execução no qual se encerra. Quanto procedimento invasivo!São remédios amargos de se engolir para termos acesso à cura, antes mesmo de saber qual remédio se vai tomar e se dará tempo...ou seja se vamos suportar ou sucumbir antes mesmo de se chegar lá...
Isso sem falar na acessibilidade, porque afinal na realidade brasileira, ou você tem um convênio de serviços de saúde no qual você se submete a uma incansável sucessão de autorizações para estes procedimentos de alta tecnologia e portanto com valores superestimados, ou você vai aguardar penosamente em listas de espera do SUS –Sistema Único de Saúde, ou vai arcar com o ônus de assumir o preço das consultas, procedimentos e tratamentos, e dependendo do seu nível sócio econômico e das relações familiares e dos vínculos afetivos que os nutrem, você dependerá de uma quotização para que as pessoas sensibilizadas pelo seu quadro de saúde se disponibilizem a arcar com os honorários que o tratamento requer. Por isso que falo na questão da oportunidade vinculada também à acessibilidade.
Ainda falando do binômio oportunidade e acessibilidade, temos que levar em conta também algo que vai além do palpável, que tangencia a seara do merecimento de cada um, e que foge ao nosso controle, na medida em que se aproxima dos mistérios, milagres para não dizer, dificuldades e facilidades no processo existencial de cada pessoa que protagoniza o adoecer.Não conseguimos sequer desvendar os “para quês”, por que afinal, é inútil querermos saber os “por quês”...somos meros(as) observadores(as) na prática do desenrolar dos processos vitais de cada um(a), que em muitos casos as portas se abrem em todos os sentidos e em tantos outros não há sequer a oportunidade de um fluxo d ações benéficas e o(a) paciente vai a óbito.Outros(as) até conseguem percorrer o fluxo enfrentando as maratonas estoicamente, mas quantas vezes em vão. E outros(as) saem vencedores(as) logo no início da constatação da doença – eu diria serem os abençoados(as)!?De fato não teremos também o êxito desta resposta, a não ser no final da jornada da vida quando concluirmos a nossa missão aqui na Terra. Aí certamente obteremos todas as respostas que precisamos para continuarmos na trilha da evolução do nosso ser vivo além da morte... Temos que em todos os momentos nutrirmos uma gratidão por tudo que está acontecendo e por tudo que está sendo feito – é o nosso processo vital e faz parte da nossa evolução como ser em expansão. Agradecer sempre, reclamar nunca. Não sabemos de fato qual o propósito de tudo o que está acontecendo no nosso entorno, nas várias dimensões nas quais estamos inseridos (as).Temos sim é que pedir discernimento ao Pai, humildade, paciência, aceitação e enfrentarmos com fé, força e coragem, até a consumação dos fatos.
Para os que crêem tudo é sempre uma benção e “nenhuma palavra é preciso...aos que não crêem nenhuma palavra é possível” Chico Xavier(checar autoria ? – Abadiânia) .
O diagnóstico por imagem é o que existe de mais avançado desde a década de 1980, não fosse a “invasão” dos fármacos que penetram o nosso organismo para dar maior visibilidade àqueles sob o qual estaremos na mira para se encontrar a solução mais certeira, como um tiro na mosca, para a nossa sorte.
Há os protocolos clínicos, que são, creio eu, verdadeiras cartilhas para que os Médicos e equipes por grupo de Especialidades se baseiem, na tentativa de acerto, uma vez que já há uma multiciplicidade de testagens anteriores nas pesquisas de laboratórios, como também pela causuística comprovada em diversos pacientes que já tenham sido vitimados em situações aproximadamente semelhantes, para não dizer iguais, porque afinal, como já dizia meu falecido pai, grande Professor, Mestre da Ciência da Medicina e Médico atuante – Sua Excelência Ministro da Saúde, Prof.Dr. Mário Augusto Jorge de Castro Lima: “Medicina é mulher – incerta e imprevisível” como também quantas vezes plagiava um autor desconhecido, com ar perplexo de constatação de quem está apesar de todo conhecimento, diante da incerteza que os mecanismos científicos a nenhuma conclusão chegaram, precisando de uma luz que vai além do palpável:“Medicina é como o amor – nem sempre, nem nunca”(Medicine c’est como l’amour, ne sempre ne toujour”.É preciso ao Médico, em algumas situações algo que vá além do conhecimento e notório saber – é preciso a humildade de reconhecer que se está diante do improvável, de um mistérios, para que se possa pedir ajuda e partilhar experiência com colegas de tantas equipes de estudiosos sejam necessário para se desvendar enigmas que surgem na dinâmica do corpo humano em mutação.E nessa troca e partilha pode-se salvar várias vidas!Na obtenção da cura e libertação . Portanto, o corpo é o instrumento que nos possibilita estar na vida e viver as mais fantásticas experiências. Integrar corpo/emoção/mente e consciência nos faz seres mais integrais. Viver com alegria e prazer é um direito de todos nós. Através da expressão corporal, do contato com o outro, abrimos nosso Ser para uma experiência mais profunda que nos traz maior qualidade de vida e saúde.


2 comentários:

  1. Amei ler esse texto que traz, do fundo da alma, questões sobre qualidade de vida, espiritualidade, desejo de viver, importância das pessoas que amamos e fé na cura e na ciência. Um texto muito bem escrito e que faz emocionar quem, como eu, já passou por um processo de adoecimento. Processo esse que me trouxe reflexões sobre o que deve ser a vida e a necessidade de cuidar daquilo que realmente importa(nossa família, nossos verdadeiros amigos e nossa qualidade de vida). Admiro muito a autora desse texto, não só porque ela escreve bem e é uma profissional competentíssima, mas também pela mulher linda, guerreira e carinhosa que ela é. Querida Ana Rosa, vc sempre vencerá os obstáculos que a vida lhe trouxer. Continue com essa luz que vc traz dentro de si e que irradia para todos que estão à sua volta. E conte sempre com seus amigos!!! AMO VC!!!

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  2. Queridíssima amiga...

    Estar aqui e espreitar seus escritos, é estar pertinho da admiração que tenho por vc. Com uma lucidez surpreendente, vc revela com competência e muita ternura como se dá o processo da Cura. Parabéns minha amiga! As intercorrências da Vida aí estão para serem superadas...

    Com amor

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